Bom dia pessoal,
a diretoria da ASDPERJ acredita que o espaço que temos pra falar na publicação do servidor em foco pode ser usado de forma mais colaborativa e contando histórias que acontecem com servidores reais.
Sendo assim, a partir deste mês, tentaremos divulgar experiências que impactaram positivamente a vida de servidores devido ao exercício de sua função.
Este mês, o servidor Fernando Pereira Marques Júnior, Técnico Superior Jurídico da Defensoria Pública de Pinheiral, compartilhou conosco uma história que o tocou. Segue o relato:
Estou na Instituição há quase três anos. Nesse tempo, já tive a oportunidade de atender inúmeras pessoas que necessitavam de ajuda, mas uma, em especial, há cerca de um mês atrás conseguiu fortalecer minha sensação de que temos uma indispensável missão aqui. Missão essa, muitas vezes ofuscada pela desvalorização da categoria, dos contratados e até estagiários, perante a outros órgãos congêneres, como Ministério Público, Procuradoria e Tribunal de Justiça.
Atendi uma moça, de cerca de 25 anos, com quadro de obesidade mórbida, problemas graves nas articulações e coluna (em virtude do excesso de peso), os quais acarretavam fortes dores, além de um histórico de mais de dez tentativas de suicídio. Segundo relatado, o Município entendia que sua patologia era psicológica, tendo-a encaminhado à programas que tratassem dessa especialidade. Durante o contato, pude ver em seus olhos a exaustão de noites mal dormidas e um fio de esperança.
Assim, ajuizamos a ação e conseguimos uma tutela para que ela realizasse a cirurgia bariátrica. Bom, para nós que atuamos na área, até aqui, tudo normal. Porém, o que me tocou foi a mensagem que recebi em meu whatsapp pessoal, às 04:27 do dia 14 de junho, a qual compartilho com vocês.
Oi Fernando, bom dia! Me perdoe pelo horário da mensagem, mas estou na van indo para o hospital fazer a cirurgia. Fui terça consultar e já marcaram a cirurgia. Queria que soubesse, que antes de salvar meu corpo de todos os males causados pelo peso, você salvou minha alma. Essa procura pela defensoria, era minha última tentativa. Já estive muito tempo no escuro, procurando uma luz, estava tão cansada! Hoje, pela primeira vez, eu estou a agradecer por nenhuma das 12 tentativas de suicídio terem dado certo. É a primeira vez que faço isso e tudo graças a você, a pessoas como você, que enxergam seres humanos e não estatísticas. Quero pessoalmente agradecer, sem dor, sem tristeza, espero logo estar apta pra isso.
Muito obrigada por lutar minha luta, quando desacreditaram em mim, quando a secretaria de saúde perdeu meus exames, chamaram meus pais lá, porque uma das funcionárias sabia que eu tomava medicação controlada, tentaram me passar por louca, e ainda sim você lutou por mim. Eu jamais poderei mensurar de quantas formas você me salvou. Porque você salvou a mãe, a filha, a irmã de alguém, você me salvou de mim. Sei que precisa muita competência pra realizar um trabalho como o seu, mas acima de tudo exige muito amor ao próximo ao escolher se capacitar pra isso.
Que o Deus que tantas vezes duvidei te abençoe imensamente.
Mais uma vez, obrigada! ❤🙏🏻
Acho que não é preciso dizer nada…
O déficit de reconhecimento que eu, servidor, gostaria de receber da Instituição em que atuo torna-se um grão de areia frente a tais palavras.
Finalizando, ainda que eu tenha em mente que a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, para nós servidores, esteja longe de ser a real Casa da Cidadania, compartilho essa história para que não nos esqueçamos da essência de nosso trabalho, que é, acima de tudo, ajudar a quem precisa, independentemente de qualquer coisa.
“Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!”
Mário Sérgio Cortella
Forte abraço aos colegas.
Fernando Pereira Marques Júnior
Técnico Superior Jurídico
DP Pinheiral