Nos meses de junho e julho, a ASDPERJ realizou pesquisa de clima organizacional com servidores da Defensoria que confirmou a já conhecida realidade de descontentamento.
Trezentos e dezessete funcionários concursados, cedidos e comissionados responderam às onze questões formuladas.
A maioria tem pouco tempo de casa, mas, de cada dez participantes, apenas dois se veem na Defensoria nos próximos cinco anos.
E, apesar de ser uma pergunta para mapear uma situação futura, já agora sentimos esse clima organizacional na medida em que somente 24% dos entrevistados estão mais de cinco anos na instituição, mesmo considerando o fato de que já faz mais de 6 anos desde a 1a convocação para ocupação do cargo de servidor no quadro permanente. (realizada retificação do que foi divulgado).
Desses 317 colaboradores, 82,3% dos entrevistados se disseram insatisfeitos ou muito insatisfeitos em relação à carreira e ao tratamento conferido pela instituição. Apenas 6% relataram estar satisfeitos ou muito satisfeitos.
Noventa e oito servidores que responderam à pesquisa (30,9%) participaram de concursos de remoção e, pelo menos uma vez, conseguiram se remover. Na mesma pergunta mensuramos que 27,8% dos que responderam ao questionário (quase a mesma proporção) não foram contemplados com os concursos de remoção, seja porque não tiveram a oportunidade de participar desde que tomaram posse, seja porque participaram e não conseguiram a remoção, ou porque sequer participaram pois a chefia impediu ou perceberam que a chefia poderia criar obstáculos e resultaria em clima ruim no local de trabalho.
Quando perguntados sobre o que acontece quando o Defensor a quem você está subordinado acumula outro órgão, 46,9% dos colegas demonstraram que sofrem reflexos negativos com a cumulação, os demais não sofrem porque o defensor ao qual é subordinado não acumula ou não pede que faça nenhuma tarefa ou ainda porque a pergunta não cabe ao órgão no qual trabalha. Dentro daquele percentual de 46,9%, sessenta e dois servidores (19,6%) se queixaram de que o Defensor com que trabalham acumulam órgãos rotineiramente e agem como se fosse um só órgão.
Indagados sobre por que estão insatisfeitos, sendo certo que poderia optar por mais de uma opção, 95,9% dos servidores apontaram a baixa remuneração. 83,9% entendem que a instituição dá um tratamento extremamente desigual a Defensores e servidores. Para 37,5%, o volume de trabalho é muito grande, e, para 33,8%, emocionalmente desgastante. 23,3% se queixam de fazerem tarefas que não seriam de sua atribuição e, para 36,3%, a falta de definição do que seria atribuição de cada um gera estresse no dia. 13,6% relatam serem humilhados com frequência pela chefia ou pelos assistidos e 17,4% relatam já terem adoecido por conta do trabalho.
Quanto aos aspectos positivos do trabalho, 50,8% afirmam aprender muito. 71,4% relataram ter boa relação com colegas e estagiários, e 59,6% com o chefe imediato. Nesse ponto, somente 3 pessoas (0,9%) relataram que a instituição valorizaria o servidor e apenas uma (0,3%) que a remuneração o fazia feliz.
Diante desse cenário, 310 dos 317 entrevistados disseram que estudam para concurso ou pretendem fazê-lo. 41,6% afirmaram que se exonerariam para exercer qualquer cargo que melhor os remunerasse, ainda que de menor nível de escolaridade.
Assim, o pontapé inicial dado pela associação diagnostica a necessidade de valorização do servidor, não apenas no que se refere à remuneração, mas pela grande diferença do tratamento conferido pela instituição a Defensores e servidores.